domingo, 1 de dezembro de 2013

Além das Jangadas

Com que lágrimas eu choro?
As mesmas da infância?
As mesmas tocantes canções do meu pai?

Não há lugar, nem barcos que revelem as mais ternas películas...
... Ele suspira e produz luz... Eu...

Não olhamos a estrada, mas ela passa, deixada pra trás, canaviais.
Estamos sérios demais.

"- Go Poland!" diz a voz estranha...
... Mas não enxergo o porte que mais uma vez passa...

Alguém nos olhe e semeie verdades
Alguém nos permita a sincera ousadia
Hoje ela está tão linda
Eu não consigo liberdade
Alguém me abrace
Me libertem dessa farsa
Me façam viver além das jangadas

Eu tenho um mar

Eu preciso chorar...


(Dedico esse Poema à todos da equipe do filme VIXE BOY, DEI VALOR! e aos queridos amigos, companheiros, conhecidos, desconhecidos e nossos familiares que lutaram juntos conosco. Em especial à Thiago Brunno, meu irmão do coração e à Maíra Alves. Muito obrigado! Poema escrito na estrada de Baía Formosa de volta para Natal... A dor era demais.)

quinta-feira, 13 de junho de 2013

Lutamos


Parar de lutar pelos direitos nossos?
Baixar a cabeça e fingir que ta tudo bem?

População, policia, família, somos um.
Nossa luta é pela dignidade e não por uma passagem de ida e volta apenas.
Não grite contra o protesto e se cale pra opressão.
Se junte aos que avançam e marque a historia do Brasil como um dos que venceram a opressão.

Antes de chamar um estudante de vagabundo e vândalo, lembre-se dos corredores do Walfredo Gurgel que todos os dias esperam por nós junto com suas macas de rodas quebradas e leitos sangrentos.

Lute e saia do conformismo
Rejeite o ócio
Inconforme-se
Desligue seu imediatismo
Questione seu partidarismo
Desça do ônibus
Invada Brasilia
Me ame
Não bata
Não vote
Errado
Abrace

Não brincamos de Revolução,
Nós lutamos.
Lutamos.

domingo, 5 de maio de 2013

Temos Tempo Para A Arte?

Temos tempo para a Arte?

Temos como viver em tempo atemporal?
Feijão no fogo não combina com final de novela,
Rede social não enche a barriga do bebê,
Fazer precisa de tempo...

A arte de temporalizar o caos.
Há ruínas estreitas, não sufoque.
Existem as preferidas estrelas, à noite, e eu me perco em tempo de te pesquisar.
Agruras se arrastam e se misturam devolvendo asmos pães às suas duvidosas decisões.

Pulsos-Relógios
Orquestra marcada
Arte-Tempo
Metrônomo, sabor hortelã
Tic-Tac

Tempo de audiovisualizar e teatralizar o tempo
O relógio musicaliza os ponteiros
Não há cordas nem pilhas dentro, nem cuckoos fora
Legiões clamam por tempos perdidos e há tempos que os jovens...

Aja públicas, aja culturais, aja políticas... Pra já.
The time is over and i lost my right.
Não grite comigo, não hoje... haverá a hora.
Há Eclesiastes 3: 1-8.

A Hora ora, intercede, clama.
Respeito ao relojeiro artístico, artesão, bailarino, vertente.
Devorados pelo Kronos sem vômitos.
Estado que sitia artes, mastiga sem penar.

Kairós sobre a terra
Máquina do tempo de volta e avante para luta
Vida espaço ensaio mídia poesia justiça amor arte
Rugas em tempo integral

Leva tempo, tempo.
Não demore, não esqueça.
Existem ratos nas piscinas, nos palcos, nas ruas, nos escritos, nas câmeras, nas telas.
Salve-nos, temos voz, temos tempo, temos arte.

Somos arte.

domingo, 7 de abril de 2013

Roger

Invasão de palavras fortes e as portas não suportaram suas façanhas
Diálogos prensados contra ouvidos escassos e o estremecido mundo cedeu
Lutou entre os bárbaros e seus machados ensanguentados, e se levantou

Deixou pequenos órfãos, mas nunca abandonados
Dilacerados em choro, mas envoltos por uma Fenixidade arrebatadora!
Teu silêncio, teu olhar, tua escrita, nada mais

Tua amada forte, tua fortaleza, impossível porte transpor, nunca vencida... Sempre ela

Não te conheci, Guerreiro, nunca te vi...
... Apenas te senti através de teu pequenino escritor sentado aos teus pés, que comia pão de queijo e escrevia críticas em tabuas de ouro.

Não chore mais, Pequeno Mestre. Há um Belo Horizonte entre essas palavras destroçadas pela dor.
Vença a dor como o Grande Rog sempre venceu!

Fique em paz
Ame mais
Escreva sempre
Rog mais

(Poema feito em memoria do Grande Roger Ebert, para a Adorável Chaz, toda a Família Ebert e ao seu amável filho brasileiro, Pablo Villaça. Forças, Mestre!)

sexta-feira, 29 de março de 2013

Dancem Na Minha Festa


Todos somos mortais
E amortecidos sorrimos sem a pressa da dor
Catalizamos vocês, escolhas e nossas escolas da vida
Amamos os retos, os discretos, os alvos, os nossos
Hipnotizado raro convívio, deixados para trás
A baleia que semeia os planctos em suas cevadas aquáticas, respira
Ninhos oceânicos, mamãe!

Balesco, fascesco, faminto e os imperadores a rejeitam
Seu ventre a deleta, se esconde e a afugenta com as dores de um aborto in-consentido
Ela não merecia essa miséria, seu condutor de ódios e covardias! Apodreça na sua insignificância, seu vazio!

Nós sorrimos, pois foi sem seus dentes da frente que eu me acostumei a sorrir de tanto rir em mim
Me apresenta a bolacha assada com o bolo de feijão amassado
Feijão verde! Feijão sem medo! Feijão dela, feito por ela!
Novelas em tubos e eu correndo pela sala
Novelas, virtudes, verdades e "- Eu dizia umas poucas e boas!"
Lajes em telhas sem lajes, dela moradora de Lajes... Cabugi.
O gosto, a fumaça, a cuspida, a risada
O fumo, o fundo, a rede, o pinico, o cachimbo, o tabaco
Sofreu, não temeu
Gostou, não tombou
Viveu e alimentou

Noventa... Vigor... Anos... Saudades... Idade

Paz em vida, paz lá fora
Sua filha chorou, mas sempre orgulhosa de suas alegrias,
Velha canção, sempre risadas, sempre Adalgisa, sempre amada

E a jornada finalmente se completa.
Ela sorri e diz:
"- Dancem na minha festa."

Dancem.

(Poema para minha vó, Adalgisa, mamãe da minha mãe. Partiu hoje, 29/03/13, às 20h30 na cidade de Lajes  do Cabugi, aos 90 anos de idade. "Doía mais te ver em dor, mas ficamos com a memoria de sua trajetória. Amor e dedicação foi o que nos transformou. Beijos, Vó, sempre beijos.") Kaiony Venâncio... Neto.

quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Antes Da Primavera

Fazendeira de terras solitárias
Não querias, mas plantas sem saber o que colher
Viestes de longe e se sentistes em casa
Casa derrubada, mas lágrimas sob escombros te tornam à vida
Escolhas melancolizam suas perdas, suas dores
O imediato te machuca, te força a crescer antes da primavera
Mas no inverno, que parece não ter fim, constrói tua esperança
Fogueira de esperança, calor do acreditar
Dilacerada, és pranteada pelas lamentações
Interrompida, calas os gritos com a espada e o escudo em punhos

Construidora de tabernáculos sonhados
Espelho delas, belas
Das mulheres que vem empoeiradas das tempestades
Coluna das colunas rachadas
Sustentáculo de quem te gerou
Salvadora do futuro pequenino
Continuas o legado de quem sempre te pôs pra dormir
As crianças crescem, você cresce
Não chora só, não canta só
Fui o bêbado da estrada em que você passou e me levantou
Eu era sem terra e mesmo assim você me socializou
Queria que tu fosses minha "Conselheiro", nessa festa de rei
Não há ninguém pra te julgar... Não, não há vozes...
Perdão pela escassez de ombros, Branca
Meus ombros pecaram de ausência

Teu soluço se confunde com o bater do seu coração
Pra onde vais, menina, que eu não consigo enxergar?
As ciganas dançam e perguntam por ti
Choro ao te ver correndo pela praia aos prantos
Incapaz lamento
Gritei: "Se te destrói, é melhor você sair!"
Que se acabe a obra e salve-se o artista
A artista dos nossos poemas precisa de nossas peles e músculos
Chega de filosofar o altruísmo
Suemos nossos abraços
Forças! Forças... Desculpa, tome um pouco d'água... Forças! Forças!

Filha, Irmã, Amiga, Atriz...
... Te conheci Clara, te admirei Maria, te senti Cigana, te amo Nátaly
Hoje tu suportas os escombros do mundo
Amanhã tu conquistas a vida
Que esse amanhã não demore, que venha com a sua essência de vencedora
Você é merecedora de suas conquistas, de seus mestrados, de sua família
Família, não deixem a princesa sozinha
Já és uma mãe de grandes conquistas, já és um irmão de carinhos incondicionais
Amor é o que te peço, família
Amor é o que ela merece
Amor, nos salve
Nos faça sorrir
Te desejo o sorrir
Mereces sorrir
Todos juntos te exaltamos
A ti os nossos abraços
Sinceros abraços!

Poema especialmente dedicado a maravilhosa atriz Nátaly Santiago que tem no coração um amor escancarado e um talento e profissionalismo dignos de serem seguidos. Lutadora e vencedora. Alegria sempre! Beijos acolhedores!!

quinta-feira, 26 de abril de 2012

A Doce Revolução

Seu suor sangrento não emite hemoglobina, Sua palidez não reflete medo, mas o desejo de sair das cavernas do conformismo lhe acelera a dor.

Um aperto na mão e um tiro na cabeça. A raiva me provoca uma identidade, me cobra um rosto.

A política me rasga a postura e me pergunta pelo o seu amor impossível, a dona cultura, que anda esquecida ou nunca foi conhecida de seus súditos. Daremos filhos. E o primeiro se chamará Cinema Novo.

Corrigiremos os pecados dos pais nos filhos e quem sabe seremos expurgados das nossas heresias chanchadianas e seus métodos anticoncepcionais que nunca nos permitiram procriar, criar, nascer ou quem sabe desenvolver.

Flertamos com as bella ragazza e jeune fille, mesmo desejando as nossas musas brasileiras que nunca nos deram bola. Ah, se fôssemos gringos...

Tu és real, Garota, mas mesmo assim preferes a ilusão estrangeira? Não se cansa de seres humilhada e ridicularizada? Eu me revolto por ti!

Somos distantes. Minha moeda não te compra, sua sociedade não me entende, nossos partidos são politicamente extremistas e polarizados. Somos estranhos, minha Nega, e isso me deixa frustrado...

Só queria te levar pra você se conhecer, ver lugares que nunca sonhou como o calor do Nordeste, a vista do Corcovado, os nossos vizinhos da favela... Mas que pena que viver numa caixa fechada seja seu doce mundo. Só queria ter dizer que ele está em ruínas.

Continuarei, mesmo que você não me queira, pois existem outros por aí que sofrem por garotas como você. E é a eles que vou me juntar e sofreremos a luta de um coração só, um grito só.

Irei me refugiar no sertão e sei que no meio de tanta alienação religiosa te encontrarei comendo rapadura com uma lata d’água na cabeça. Desenvolva e saia desse subdesenvolvimento!

Movimento-me pouco, sou simplório e falo muito. Mas faço diferença onde passo e quem sabe faça diferença pra alguém daqui a alguns anos.


Exploda em liberdade conceitual e se preciso for, queime a película com esse olhar agressivo! Faremos-nos pensar pensando em vocês! Aonde iremos parar? A história nos guiará... Enquanto isso, levarei até as últimas conseqüências minhas atitudes extravasando o que me resta de Novo. Ganhei até um apelido de Tropicália. Nem sei o que é isso... Como não há mais o que dizer, me recolho para meu exílio à espera da doce revolução dormindo nos braços da linda francesa e da bela portuguesa, enquanto meu sangue torna-se uma das dez pragas do Egito...



(Poema feito pra disciplina de Cinema Brasileiro da professora e poetisa Michelle Ferret sobre O Cinema Novo.)